Inovação nas PME's - a competitividade ou perda de investimento?

2018.1.1
O reconhecimento do impacto que a IDI têm na vantagem competitiva de uma Pequena ou Média Empresa (PME) é já bem conhecida, definida e estudada.

No entanto, existem lacunas ao nível da execução de projetos devido a variadíssimos fatores como falta de recursos humanos qualificados, fraca política interna sem foco na priorização das ações de IDI, escassez de recursos tecnológicos capazes de dar resposta às necessidades técnicas dos projetos, entre outras. Por forma a colmatar estas necessidades as PMEs podem recorrer a parceiros do sistema Científico e Tecnológico, sendo que este canal de atuação se encontra em pleno desenvolvimento com resultados de excelência. Contudo existe ainda um grande número de PMEs que não consegue concretizar os seus objetivos face à estratégia para IDI isto porque os projetos que desenvolve não são, na sua maioria, controlados e geridos internamente de forma sistemática, transparente e com foco no ganho tecnológico a que estes elevados investimentos deveriam estar associados.

A dificuldade de comunicação, as divergências ao nível das metodologias de trabalho, tempos de execução e afetação de recursos, humanos e materiais, aos projetos, em co-promoção / parceria, estão na base da razão para que as empresas não consigam fazer o acompanhamento adequado dos seus investimentos em IDI. De facto há um risco ainda muito elevado associado a estes investimentos precisamente porque há ainda uma elevada taxa de incumprimento dos objetivos definidos para estas ações, o que leva as PMEs a reconsiderar futuras ações de investimento dentro desta tipologia estratégica. Algumas PMEs decidem, por estes e outros motivos, fazer nascer internamente departamentos de IDI capazes de dar resposta a estas necessidades, contudo, a esta decisão estão associados aumentos significativos de custos fixos para as empresas o que gera um retrocesso na vontade de criar valor internamente. Todo este ciclo de envolvência e de carência gera algum descontentamento e desmotivação na hora da decisão de avançar com um plano estratégico assente na criação de valor e conhecimento tecnológico através de projetos focados em Investigação, Desenvolvimento e Inovação.

Ainda assim estas carências provocam mais pressão a longo prazo, pois devido à falta de recursos especializados nestas ações, algumas PMEs no pós-projeto, ficam sem qualquer tipo de orientação face à utilização das tecnologias que desenvolveram. Isto conduz a uma errada abordagem do uso tecnológico e que acaba por resultar numa falsa sensação de falha face aos investimentos realizados.

É necessário assim, despertar nas PMEs uma consciência da necessidade de complementar os seus investimentos com ferramentas que possam efetivamente contribuir para o êxito dos seus investimentos transformando e controlando os seus esforços financeiros em desenvolvimento com uma abordagem padronizada ao nível de:

  • Definição estratégica de mercado prévia à definição do projeto a desenvolver – Qual a origem da ideia? Qual a necessidade? Porquê? Para quem? É necessário recorrer a financiamento externo? Que apoios financeiros existem e que melhor se adequam a este cenário?
  • Gestão de projetos – Duração, calendarização, Identificar e atuar nas diferentes fases do projeto, enquadrar os recursos tecnológicos e humanos, gerir tempo, orçamentos, qualidade e riscos, controlar a prototipagem, definir a estrutura organizacional, gestão e validação de mudanças e avaliação de resultados
  • Engenharia de produto - Conceber e projetar o produto/processo, identificação da necessidade, ou não, de parceiros que completem o ciclo produtivo, negociação com fornecedores, Design, cadernos de encargos, garantias, levantamento de necessidades de formação, etc.
  • Comunicação – Marketing, enquadramento para os seus mercados-alvo, exploração e proteção da propriedade intelectual, disseminação do conhecimento científico, criação e gestão de marca, trabalhar a imagem da empresa face aos seus renovados objetivos.

No final, o investimento tem de gerar valor, caso contrário, pode resumir-se a um fracasso estratégico com perdas avultadas de investimento.